Cultivo de camarões de água doce

Por João Mathias, originalmente publicado em http://revistagloborural.globo.com/vida-na-fazenda/como-criar/noticia/2014/10/como-criar-camarao-de-agua-doce.html

Aquicultores brasileiros têm na criação de camarão-de-água-doce uma opção para realizar o manejo do crustáceo em qualquer lugar país adentro. Sem se limitar à costa litorânea, a prática em tanques escavados permite a pulverização da atividade pelo interior do território nacional, reduzindo custos logísticos e obtendo preços mais competitivos para as vendas do produto no comércio local.

Pequenos produtores e com pouca experiência, inclusive, podem se beneficiar da criação fazendo dela uma fonte de renda extra. Lidar com o camarão-de-água-doce não tem muitas exigências e o seu manejo pode ser realizado em sítios e chácaras, desde que tenham condições adequadas, como espaço para um ambiente aquático e temperatura da água acima de 20°C durante, pelo menos, seis meses consecutivos.

Em cativeiro, é comum o uso de viveiros escavados com o fundo natural de terra, área na qual o crustáceo habita e também se alimenta. Sem sistema de drenagem eficiente, represas e açudes são opções descartadas, pois precisam ser esvaziados para realizar a despesca total – retirada de todos os camarões no fim da fase de engorda.

No entanto, caso ainda não tenha na propriedade, a construção de tanques deve ser providenciada, sendo que a obra implicará uma recuperação do capital investido a longo prazo. Terreno plano, com solo argiloso e disponibilidade de água corrente e de qualidade são outros fatores importantes para o sucesso do manejo.


A criação do crustáceo também tem boa adaptação ao sistema integrado de cultivo com peixes, diversificando a produção e ampliando as oportunidades de mercado ao empreendedor.

No policultivo, o camarão-de-água-doce ainda consome parte dos resíduos gerados pelos peixes e os restos de ração, sem a necessidade de alimento específico em viveiro com três a seis camarões por metro quadrado.

Apesar da possibilidade de viver em todas as regiões brasileiras, o camarão-de-água-doce não é recomendado onde o inverno se prolonga por vários meses. Os custos com alimentação e mão de obra são os que mais pesam, já que a ração tem preço elevado e os tanques precisam de manutenção constante. Contudo, considerado de carne nobre, o crustáceo tem valor comercial alto.

Entre cinco e seis meses de vida, o camarão atinge de 25 a 30 gramas, peso ideal para iniciar a comercialização. Pós-larva, resultado da evolução das ovas em dois meses, é outro produto que serve para abastecer novos criadores. Atualmente, o mais indicado para cativeiro é o camarão-da-malásia (Macrobrachium rosenbergii), que tem sabor mais leve em relação ao camarão de água salgada. Também conhecido como pitu e lagostim-de-água-doce, tem produção destacada nos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.


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